terça-feira, 9 de maio de 2017

Portugal nas Taças da Europa de Marcha

Susana Feitor em Miskolc-2005.
Foto: Tim Watt
Aproximando-se a data da realização da Taça da Europa de Marcha, que terá lugar na cidade checa de Podebrady (21 de maio), vamos relembrar os aspetos mais relevantes da participação de Portugal nas 11 edições em que se fez representar ao mais alto nível, na mais importante competição coletiva a nível europeu.

Em 20 anos de presença contínua na competição, a seleção portuguesa conquistou um título nos 20 km femininos (2005), foi vice-campeã, também nos 20 km femininos (2013), e ainda conquistou duas medalhas de bronze, uma nos 50 km masculinos (2003) e outra nos 20 km femininos (2015). De registar, ainda, a obtenção, sempre no plano coletivo (o de maior significado), de cinco quartos lugares, quatro quartos lugares, seis sextos lugares, cinco sétimos lugares, e uma oitava posição.

Este ano, Portugal apresenta-se à Taça da Europa com a mais pequena delegação de sempre e apenas podendo classificar-se coletivamente com apenas duas equipas (10 km juniores femininos e 20 km femininos), o que raramente tem acontecido em anos anteriores, o que merece, no nosso ponto de vista, uma reflexão sobre o tipo de trabalho que vem sendo feito atualmente pelo Setor de Marcha da FPA. Há um claro desinvestimento no setor da formação (em contraste com outras disciplinas do atletismo nacional) e disso são exemplos a ausência (outra vez) da marcha atlética no escalão de iniciados do Torneio Nacional Olímpico Jovem (a seu tempo abordaremos o assunto) e nos Campeonatos do Desporto Escolar, levando os jovens, naturalmente, a optar por outras áreas do atletismo onde terão mais opções no plano competitivo.

A título individual, a grande referência da marcha atlética portuguesa na Taça da Europa é, sem sombra de dúvidas, Susana Feitor, atleta que nasceu e cresceu em Alcobertas, na Serra dos Candeeiros, em Rio Maior, tendo começado a dar nas vistas precisamente pelo escalão de iniciados (aos 15 anos já era campeã mundial de juniores). Representou o Clube de Natação de Rio Maior durante grande parte da sua trajetória desportiva e foi a principal “culpada” da forte aposta da Câmara Municipal de Rio Maior na marcha atlética, com a realização, há vários anos, do Grande Prémio Internacional.

Atualmente, a atleta ribatejana está a colocar um ponto final na sua carreira (já o referiu publicamente), empenhada agora na realização de vários outros desafios, que não a deixam com tempo suficiente para os treinos. Recentemente, foi eleita para a Direção da Academia Olímpica de Portugal e tem em suas mãos a planificação da participação lusa nas Universíadas de Verão, em Taipé, onde estará na qualidade de Chefe de Missão. Recorde-se que ela própria, enquanto atleta e estudante universitária (está a tirar o Curso de Gestão das Organizações Desportivas), já participou em algumas edições do evento e até obteve uma medalha de prata (20 km marcha), na de Pequim, em 2001.

No plano individual, é a única atleta que foi ao pódio de uma Taça da Europa. Conquistou a medalha de bronze na primeira edição do evento, em 1996, na Corunha (Espanha), e na sexta edição, em 2005, na cidade húngara de Miskolc, tendo ainda integrado as seleções que alcançaram os pódios em 2005, 2013 e 2015. De 1996 a 2015, apenas falhou (lesionada), a presença na edição de 2008. Agora, aos 42 anos de idade, fica por se saber que prova de marcha (alguma de 20 km) escolherá para cortar a sua última meta enquanto marchadora, num momento, que se prevê, seja de consagração e homenagem a Susana Feitor que participou pela primeira vez numa competição internacional, com 14 anos, nos Campeonatos Europeus de Juniores, em Varazdin, a norte de Zagreb, na então Jugoslávia, hoje Croácia.