segunda-feira, 10 de abril de 2017

Quase sete mil assinam petição pelos 50 km marcha

Aproxima-se dos sete mil o número de subscritores do abaixo-assinado lançado há poucos dias na Internet (aqui) em defesa da manutenção dos 50 km marcha no programa dos Jogos Olímpicos e dos campeonatos do mundo organizados pela Associação Internacional de Federações de Atletismo (AIFA). Na base da petição está a recente divulgação de que o Conselho da AIFA vai discutir nos dias 12 e 13, na reunião de Londres, uma proposta que inclui a possibilidade de eliminação das actuais distâncias de 20 km e 50 km marcha dos programas das grandes competições mundiais – campeonatos mundiais de atletismo, campeonatos mundiais de marcha por selecções e Jogos Olímpicos – e a sua substituição por provas de meia-maratona marcha nos mundiais de Doha (2019) e nos Jogos Olímpicos de Tóquio (2020).

Transcreve-se de seguida o texto do abaixo-assinado, traduzido para português.
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Pela manutenção dos 50 km marcha nos Jogos Olímpicos

Foi recentemente tornado público que o Comité Olímpico Internacional [COI] propôs alterações ao programa do atletismo, a partir de 2018. Essas alterações incluem a abolição dos 50 km marcha masculinos dos Jogos Olímpicos e dos Campeonatos do Mundo de Atletismo e a alteração dos 20 km marcha para a distância da meia-maratona (21,1 km). Tanto quanto nos é dado perceber, o Conselho da Associação Internacional de Federações de Atletismo [AIFA] irá votar estas alterações na próxima reunião, em Londres, a 12 e 13 de Abril de 2017.

Atletas olímpicos e não olímpicos e adeptos dos Jogos Olímpicos estão firmemente convencidos de que o COI deveria apoiar e não excluir provas como as dos 50 km marcha. Os 50 km marcha corporizam muitos dos valores olímpicos, especialmente o que se relaciona com a capacidade de resistência. São uma das poucas provas do programa olímpico que ainda podem ser vistas gratuitamente, permitindo que se testemunhe e acompanhe a busca da excelência pelos atletas. No Rio de Janeiro, os 50 km marcha foram uma prova global e uma das apenas duas provas em que os primeiros quatro classificados representavam diferentes continentes.

Os 50 km marcha têm sido parte essencial do programa olímpico do atletismo desde 1932. Analisando a sua história, admitimos que a modalidade tem de evoluir continuamente a fim de manter a relevância no contexto desportivo moderno. A existência de duas provas para homens (20 e 50 km) e apenas uma para mulheres (20 km) tem por base uma concepção ultrapassada e profundamente errada. Recomendamos à AIFA a adopção de medidas que visem pôr fim a esta desigualdade de género e que comemore o primeiro recorde mundial oficial feminino dos 50 km marcha. Desejamos colaborar com o COI e a AIFA para aprofundar a igualdade de género e criar um programa que melhor apresente a nossa especialidade ao público moderno.

Propomos que o actual programa de provas (20 e 50 km marcha masculinos e 20 km marcha femininos) seja mantido até aos Jogos Olímpicos de 2020. Propomos ainda a criação de um grupo de trabalho composto por dirigentes do COI e da AIFA e por representantes de atletas, para determinar o futuro da especialidade para lá de 2020.

Estas medidas asseguram adequada auscultação dos atletas e a manutenção dos meios de subsistência dos atletas e recompensa o investimento das federações nacionais no apoio aos respectivos atletas até 2020. Esta proposta oferece à AIFA a oportunidade para um compromisso com a transparência no processo de tomada de decisão e para ouvir os atletas que representa.

Apelamos a Thomas Bach e à Comissão Executiva do COI, a Sebastian Coe e ao Conselho da AIFA, para que actuem de forma transparente neste processo de tomada de decisão e envolvam os atletas em todas as próximas discussões relacionadas com a marcha atlética nos Jogos Olímpicos e nos campeonatos mundiais da AIFA.