domingo, 29 de maio de 2016

Denis Nizhegorodov deve perder bronze de Pequim

Nizhegorodov após terminar a prova de 50 km marcha dos Jogos
Olímpicos de Atenas de 2004. Foto: AP
O atleta russo Denis Nizhegorodov está na iminência de perder a medalha de bronze que recebeu na sequência do terceiro lugar nos 50 km marcha dos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008. O nome de Nizhegorodov surge numa lista de pelo menos 14 casos russos de reanálise positiva das amostras colhidas durante os Jogos de 2008 e que agora foram sujeitas a nova prova com métodos e tecnologia mais desenvolvidos do que os existentes há oito anos. A comunicação dos resultados positivos foi feita pelo Comité Olímpico Internacional ao Comité Olímpico da Rússia.

Denis Nizhegorodov registou em Pequim 3.40.14 h, classificando-se atrás do italiano Alex Schwazer (3.37.09) e do australiano Jared Tallent (3.39.27), que o acompanharam no pódio olímpico, ocupando os lugares mais altos. A confirmar-se, a reanálise agora realizada deverá determinar a desclassificação do russo, passando o terceiro lugar da prova para o espanhol Jesús García, que na capital chinesa terminara a prova na quarta posição, com 3.44.08 h. Por sua vez, o português António Pereira, então 11.º classificado com 3.48.12 h, subirá ao décimo posto.

O resultado positivo de Denis Nizhegorodov é um dos 14 casos russos e 31 no global que advêm da reanálise de 454 amostras colhidas nos Jogos de Pequim de 2008 e que foram conservadas para posterior reanálise. O presidente do Comité Olímpico Internacional, Thomas Bach, já anunciou que oportunamente serão objecto do mesmo procedimento 250 amostras colhidas nos Jogos de Londres de 2012.

Atleta orientado por Viktor Chyogin no Centro Olímpico de Treino de Saransk, Denis Nizhegorodov era um dos poucos marchadores russos com classificações de topo mundial no presente século que ainda não tinham registado casos positivos de dopagem.

A estreia olímpica de Nizhegorodov tinha acontecido nos 50 km marcha dos Jogos de Atenas de 2004, onde o mundo assistiu quase horrorizado ao terrível final do russo: incapaz de acompanhar o polaco Robert Korzeniowski na fase final, Nizhegorodov cumpriu o último quilómetro e meio como uma espécie de zômbi, cambaleando, parecendo ir tombar a qualquer momento. Acabaria por cair logo após cortar a meta no segundo lugar, pálido, de olhos esbugalhados e sem força sequer para cumprimentar o compatriota Aleksey Voyevodin, que cortaria a meta segundos depois, na terceira posição.

Mais tarde, numa entrevista, recordaria o episódio nos seguintes termos: «Não lembro nada desse último quilómetro e meio. Absolutamente nada. Estava a marchar como se fosse uma máquina. Não sentia dor nenhuma, não tinha qualquer sofrimento. Era como se tivesse sido desligado.»

Quatro anos depois seria terceiro em Pequim na mesma distância, classificação que agora se apresta a ser anulada.

Entretanto, no final da semana passada, a Federação Russa de Atletismo anunciou ter alterado os critérios de selecção para os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, aprovando uma cláusula que impede os atletas suspensos por dopagem nos últimos anos de integrar a missão olímpica de 2016.