quarta-feira, 27 de abril de 2016

José Magalhães na Assembleia Geral da FPA

José Magalhães. Foto: fb Carlos Pereira
José Magalhães, um nome incontornável da marcha atlética portuguesa, talvez o atleta que mais vezes disputou a prova olímpica dos 50 km marcha - fê-lo por 42 vezes, participou na Assembleia Geral da Federação Portuguesa de Atletismo, recentemente realizada em Pombal (2 de Abril), na qualidade de diretor da Associação de Atletismo do Porto.

Na Assembleia foi discutida e aprovada uma proposta apresentada pelo Setor de Marcha da FPA no sentido de ser substituída do programa dos Campeonatos de Portugal a prova dos 50 km marcha, que este ano já não fez parte dos referidos campeonatos, e a sua substituição pela prova dos 35 km, e homologando a atribuição do título nacional nesta distância, que teve lugar em fevereiro deste ano.

Regista-se a opinião de José Magalhães (JM), treinador, e atleta olímpico em Barcelona 1992 e Atlanta 1996.  

OM – Em que sentido foi a tua intervenção na Assembleia?
JM – Intervi em defesa da disciplina da marcha atlética, discordando da proposta da FPA, que a justificou pelo facto de existirem poucos atletas interessados em a fazer. O novo modelo foi apresentado pelo Prof. Jorge Vieira, presidente da FPA, por quem tenho elevada estima e que, enquanto era eu atleta e ele diretor-técnico nacional, em algumas participações internacionais em que esteve, deu-me todo o apoio possível, e isso não o esquecerei.

OM – A tua experiência na distância foi revelada?
JM – Salientei, na mensagem, que na minha primeira experiência na distância, nos campeonatos de 50 km marcha, fiz a prova em 4 horas e cinquenta e sete minutos (fixaria o meu recorde pessoal em 3.57.30) mas que se fosse realizada, então, a prova de 35 km, duvido que me dedicasse aos 50 km. Nesses tempos treinava-me limitadamente, uma vez por dia, e ainda era treinador de um grupo de atletas.

OM – Qual o sentido de voto dos representantes das Associações?
JM – Pelo menos as Associações do Porto, Setúbal e Algarve votaram contra a proposta da FPA, referindo o representante da AA Algarve, Prof. Lara Ramos, que a diferença da participação na prova dos 35 km deste ano e na dos últimos 50 km dos campeonatos nacionais não foi significativa. Este aspeto foi contrariado pelo Prof. José Costa, coordenador juvenil na FPA, que disse terem sido 22 atletas a participar nos 35 km, mas na verdade foram apenas 13, com 11 a concluírem a distância! Foi ainda curiosa, no mínimo, a intervenção do representante de Braga que disse achar bem os 35 km porque temos marchadores a fazer 50 km em 3h 09 min. (!) e os últimos em 5 horas…

OM – Que conclusões relativamente a todo este processo?
JM – Entendo que a decisão emanada da Assembleia não constituiu nenhuma derrota para a marcha atlética na medida em que o presidente da FPA vincou que se o número de especialistas aumentar será reposta a prova dos 50 km e julgo que todos deveremos lutar por esse objetivo, a bem do atletismo. No tempo em que o Luís Dias era o treinador nacional já havia a prova de 35 km, integrada nos Campeonatos de Portugal como forma de transição, no escalão de Sub-23. Com a entrada do atual técnico nacional a prova foi substituída pela distância de 20 km, o que não discordei de todo dada a escassez de provas dessa distância por via do desaparecimento de Grandes Prémios. Antes consultavam-se os treinadores o que atualmente não acontece!

OM – Achas que se tem feito o suficiente pela marcha atlética no nosso país?
JM – Para uma federação que tem um técnico nacional de marcha requisitado (Carlos Carmino) mais se devia e podia fazer pela disciplina, a exemplo do que sucedia no passado. A qualidade dos atletas de hoje deve-se, em grande parte, a isso. Veremos daqui a poucos anos!