sábado, 16 de abril de 2016

Jonathan Riekmann (Brasil) – Entrevista

Jonathan Riekmann.
Jonathan Riekmann é uma das figuras em destaque no atletismo brasileiro e especialmente na disciplina da marcha atlética. Especialista na distância olímpica dos 50 km marcha, competindo recentemente em Dudince (Eslováquia), estabeceleu um novo recorde brasileiro ao obter a marca de 3:55:26, realizando mínimos para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro este ano.

O anterior recorde brasileiro era de 3:55:36 e estava na posse de Mário José dos Santos Junior desde 21 de março de 2015, também estabelecido em Dudince, cujo percurso e as condições atmosféricas oferecidas são apreciados pelos marchadores. Os dois e Caio Bonfim (4:01:42) constituirão a seleção brasileira para o Rio de Janeiro na distância dos 50 km.

Riekmann, em entrevista concedida a “O Marchador”, respondeu às questões colocadas da seguinte forma:

OM – Quando e como surgiu a possibilidade de ingressares na marcha atlética?
JR - Em 2003 comecei a treinar marcha a nível competitivo. Antes de ser federado, eu já teria aprendido a técnica da marcha na escola. Treinei durante 2 anos corridas de fundo, e nesse meio termpo até fiz algumas sessões de marcha, mas nada definitivo. Até que um dia me lesionei numa prova de 2000m com obstáculos e não pude correr por uns dias devido a queda. Então fiz algumas sessões de marcha para não perder muito condicionamento, e aos poucos foi se notando mais potencial para a prova.

OM- Porquê os 50 km?
JR - Eu sempre gostei mais dos 50km, tenho características para a distância. Minha estreia foi muito precose na prova, aos 19 anos completei meu primeiro 50 km numa temperatura acima dos 35 graus e alta umidade. Foi a estreia mais jovem e rápida da história do Brasil. Não tive problemas em relação a isso, porque não fiz uma carga alta de treinamentos para essa competição. Mas hoje, com minha experiência, eu não recomendo isso a ninguém.

OM- Qual a sensação de conseguir o índice para os Jogos Olímpicos e de obter o recorde brasileiro na distância?
JR - Muito feliz em ter conquistado o índice e ter batido o recorde brasileiro. Todos os meses de preparação e o preço alto que tive que pagar, abrir mão de muitas coisas, hoje vejo que tudo valeu a pena. Ser atleta olímpico sempre foi um dos meus sonhos.

OM – Que prespetivas para o Rio de Janeiro, em agosto próximo?
JR - Eu sei das reais condições climáticas, estará mais difícil que em Dudince, mas eu vejo que temos carga de treinamento a serem incluídas, ainda não treinei tudo o que tinha pra treinar. Não vou estipular um tempo e colocação, mas acredito que posso melhorar o tempo no Rio. Não me recordo se algum brasileiro cinquenteiro já ficou entre os 20 primeiros. Seria uma boa colocação, mas sabemos da dificuldade. Vou buscar a evolução nos treinamentos, o nível que será alcançado, só saberei nas últimas semanas.

OM – Os apoios para a competição têm sido adequados às tuas necessidades?
JR - Minha cidade, clube, empresários é que apoiaram até conseguir o índice.
Depois que consegui o índice e bati o recorde brasileiro, continua a mesma coisa. Apenas as pessoas da minha cidade apoiam. Solicitei apoio a Confederação Brasileira de Atletismo e até hoje não tivemos nem respostas. Mas isso não vai mudar minha motivação, tenho pessoas que me ajudam muito na minha cidade, e tenho que focar na preparação. Meu macrociclo está definido até os Jogos Olímpicos e lá será o ápice, não vou mudar meu planejamento por causa de ninguém.

OM – Que provas se seguem até aos Jogos Olímpicos?
JR - Estou classificado para a Copa do Mundo nos 50km em Roma. Ainda não decidi se vou participar ou não. Fiz uma boa marca e isso me trouxe tranquilidade para se preparar ao Rio. Queria fazer umas provas em Maio, Junho na Europa de 20km como treinamento, mas como falei, dependo se a Confederação vai me apoiar ou não. Se não tiver apoio, não terá problemas, eu sei o que preciso fazer até os Jogos.

OM – Como vês a marcha atlética brasileira na atualidade?
JR - A Marcha brasileira vive seu melhor momento. Tivemos dois sextos colocados no último Mundial de atletismo. Medalhas nos Jogos Panamericanos ano passado. Boas posições nos challenges da IAAF. E nos 50km foram três anos consecutivos com quebra de recorde brasileiro. Grande feito foi da Érica que acabou de quebrar o recorde panamericano nos 20km feminino com expressiva marca 1h28:22.

O blogue “O Marchador” agradece a Jonathan Riekmann pela disponibilidade para a entrevista e formula votos de sucesso na sua participação no Rio 2016.