quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Jorge Salcedo – Entrevista (2)

O japonês Yukio Seki, um assistente e Jorge Salcedo.
Foto: facebook de Y. Seki
3 – Jorge Salcedo, que vai continuar a liderar a formação na área dos Oficiais Técnicos Internacionais, refere-nos o que, nesta relevante matéria, foi feito no seu anterior mandato, concretamente no Projeto TOECS – Sistema de Educação e Certificação de Oficiais Técnicos.

Relativamente à nossa participação nas actividades do grupo de trabalho do TOECS, estivemos envolvidos, entre outras, nas seguintes:

- Exames de ITOs, nível IAAF.

- Primeiro Seminário de preparação e actualização de Delegados Técnicos de competições “de estádio”, Seminário co-organizado com a EA.

- Acção de actualização dos “Juízes Internacionais de Partida”, também realizada com a EA.

- Curso para prelectores de cursos do TOECS de nível II (nível Área).

- Actualização do “Guia Internacional de Partidas” e do “Guia dos Juízes Internacionais de Cronometragem Automática”.

- E, deste grupo, saiu uma ideia que classificaria como excelente, e que foi aprovada pelo Conselho da IAAF, que é a de produzir um só documento que integre as Regras de Competição (Capítulo V do Manual em vigor), e as notas explicativas específicas actualmente existentes no “Juiz Árbitro” (The Referee / Le Juge Arbitre), que “desapareceria” como documento independente.


4 - Jorge Salcedo, de 62 anos, juiz internacional desde 1984, é o Chefe dos Oficiais Técnicos Internacionais nos mundiais de Pequim (outro português, Samuel Lopes integrará a equipa), função que já desempenhou em diversas ocasiões.

Quais as novas ideias para os próximos quatro anos?

Relativamente a novas ideias para o futuro mandato, ou se quisermos, algumas que eu gostaria de implementar/finalizar realçaria:

- Alterar as definições “pista ao ar livre” e “pista coberta”, para “pistas de 400m “ e “pistas de 200m”, com as adaptações das Regras que se mostrem necessárias.

Mais cedo ou mais tarde (e já pensávamos que tal poderia acontecer com os Mundiais de Doha), teremos estádios cobertos com pistas de 400m, pelo que esta adaptação se mostra necessária. Como é bem sabido, já houve, há anos, uma alteração da Regra dos Recordes do Mundo, que implica que um recorde obtido em “pista coberta” possa, se igual ou melhor que um obtido “ao ar livre”, ser considerado como recorde absoluto. Como aconteceu, como mero exemplo, com a marca obtida por Renaul Lavillenie, em Donetsk, em 15.02.2014.

- Tentar completar o “Manual de Calibração”, que incluirá todos os parâmetros que devem ser cumpridos para que os equipamentos (lato sensu) utilizados em competições de Atletismo sejam certificados.

- Tentar influenciar os produtores de equipamentos utilizados (ou também utilizados) pelo Atletismo, para que se adequam, cada vez mais, às nossas necessidades (superfícies sintéticas para queda de lançamentos, VDM, gaiolas para lançamentos longos, etc.).

- Manter a colaboração técnica na formação, certificação e avaliação, quando em funções, de Oficiais internacionais, nas suas diversas vertentes.

-Relativamente às Regras de Competição, há aspectos “já em carteira” para estudo pelo Comité Técnico, como também há, ao menos um, que deverá entrar em fase de teste prático, para eventual passagem a Regra no futuro. Para não ficarem com “água na boca”, direi que a ideia a testar a ideia será a de ter, na última prova das Provas Combinadas, os atletas partindo com intervalos de tempo correspondentes às diferenças pontuais existentes na altura, terminando esta última prova pela ordem correspondente à classificação final na prova combinada.

Há já 7 anos, apresentei ao Conselho, em nome do Comité, um trabalho que tinha feito a este propósito, que foi aprovado pelo Conselho, mas a verdade é que o que tinha sido proposto para ser testado nunca o foi. Mas como houve agora um par de Federações que voltaram ao tema… Estou consciente que há muitos que não concordam com a ideia e/ou consideram-na de muito difícil concretização.

Para além de clarificações ou alterações em carteira (por exemplo algo que considero importante realizar, que é o indicar, claramente, o que é uma infracção técnica e uma disciplinar, já que há algumas que ….levantam dúvidas), deveremos estar sempre atentos ao que se vai “passando” no nosso Mundo, e que pode obrigar a alterações de Regras. Uma vez mais como (outro) mero exemplo, temos a alteração da Regra relativa à marcha, que obrigava uma prova a iniciar e a terminar com luz do dia, depois de se saber que era ideia dos organizadores dos Mundiais de Doha de realizar as provas de marcha (como as Maratonas), já de noite, para se serem evitadas as altas temperaturas diurnas.

Para terminar a loooonga resposta à questão (provavelmente demasiado explicativa quanto ao que tentámos fazer….), a conclusão poderá ser que estou satisfeito com o que, eventualmente, conseguimos.