domingo, 8 de dezembro de 2013

Primeira medalha para Portugal foi há 10 anos

A equipa de 50 km que em Cheboksary-2003 conquistou
a medalha de bronze: Jorge Costa, Pedro Martins, Mário
Contreiras e Luís Gil. Foto arquivo O Marchador.
Nunca antes a seleção portuguesa chegara a um dos lugares de pódio em Taças da Europa ou do Mundo, desde que se estreou em Nova Iorque (EUA), na edição mundial de 1987. Foi necessária uma espera de 16 anos para que uma imensa alegria invadisse os corações dos amantes da marcha atlética e dos desportistas em geral com a conquista da medalha coletiva da especialidade.

Com efeito, a 5.ª edição da Taça da Europa, realizada em 2003, em Cheboksary, uma das duas capitais da marcha atlética na Rússia (Saransk, na Mordóvia, é o outro grande centro de excelência), marcaria para os selecionados lusos o início de um brilhante ciclo de prestações desportivas, referindo-nos agora apenas no plano coletivo.

Nesse ano, a seleção nacional dos 50 km marcha, desafiando todos os mais otimistas prognósticos, alcançaria a medalha de bronze, graças aos notáveis desempenhos de Pedro Martins, Jorge Costa e Luís Gil, equipa da qual também fez parte Mário Contreiras, que não pôde concluir a prova devido a problemas físicos. 

Num deslumbrante cenário, com o incentivo do público à seleção russa mas, também, às demais equipas participantes, cujas estimativas apontaram para as 75.000 almas, os atletas portugueses sentiram-se verdadeiramente empolgados.
A este propósito, recolhemos as opiniões dos nossos homens que fizeram história:

Pedro Martins:

“ Além da excelência do circuito da prova, há outros aspetos que me marcaram muito positivamente: o apoio do público durante a prova, a medalha ganha pela equipa dos 50 km, o meu 10.º lugar individual nesta prova e, finalmente, a emoção que se apoderou de mim no decorrer da cerimónia protocolar.”

Jorge Costa:

“ Não fazíamos ideia que seguíamos para a medalha. Só depois de cortarmos a meta é que nos alertaram que talvez tivéssemos chegado ao 3.º ou 4.º lugar, nem sabiam ao certo. O Contreiras, que tinha desistido, era dos mais eufóricos. Andava de um lado para o outro empunhando a medalha ao peito…
 A organização esteve ao mais alto nível. A espetacularidade da cerimónia de abertura, com o estádio a abarrotar, apesar dos ingressos pagos, imagine-se…, ficou-nos na memória.”

Luís Gil:

“ A entreajuda foi formidável pois recordo-me que o Pedro deu-me uma volta de avanço, depois quebrou um pouco e fui eu que o incentivei, puxando por ele. Entretanto o Jorge, ao passar por mim, dava-me forças, com as suas palavras de ânimo. A multidão que se aglomerava no circuito ara algo de inimaginável, a prova marcou-me muito pelo extraordinário ambiente vivido, e então toda aquela gente na cerimónia de premiação deixou-me muito feliz. Mas só passada uma semana me apercebi, realmente, da grandeza que representou ganharmos a medalha.

Mário Contreiras:

“ É difícil esquecermo-nos do ambiente que vivemos em todos os momentos da nossa viagem a Cheboksary, a envolvência da cidade no apoio à competição, a magnífica organização. Apesar de, desportivamente, as coisas não me terem corrido de feição, guardo gratas recordações da Taça de 2003. Há tempos, em conversa com o Augusto Cardoso, ambos estávamos de acordo que a edição da Taça do Mundo de 2008 não conseguira suplantar o sucedido 5 anos antes”.