sábado, 14 de dezembro de 2013

Presidente da AAL insulta equipa de «O Marchador»

O blogue «O Marchador» publicou em 23 de Novembro passado um «post» sob o título «Lisboa corta na marcha do Grande Prémio de Natal» [aqui]. Publica-se de seguida um comentário recebido do presidente da AAL (que o disseminou pelos clubes filiados), agradecendo a atenção do comentário mas repudiando os termos insultuosos a que Marcel de Almeida entendeu recorrer. A este comentário junta-se no final uma tréplica da equipa de «O Marchador».

O presidente da AAL escreveu (transcrição completa, mantendo-se os destaques do original):

«Não pretendo entrar em polémicas. Apenas algumas observações e ponto final da minha parte, pois não respondo a inverdades e a cobardes ressabiados que não assinam o que escrevem.

Assim:

Os prémios são pagos pelo organizador e não pela A.A.L.

A muito custo, conseguimos a inclusão das restantes provas que integram, normalmente, o G.P.N.

Esta Associação promoveu, no passado, um programa incentivo para a marcha.

Ao fim de 2 anos, este programa foi suspenso, já que não justificou o envolvimento financeiro feito (mais de 4000 euros).

O progresso obtido foi um marginal aumento de 1,7% atletas, em dois anos.

O articulista faltou a um dever profissional que é a de reconciliar as fontes, e informar-se correctamente. antes de escrever.

Será que vai publicar a minha resposta, como manda a deontologia?

Marcel de Almeida»

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A equipa do blogue «O Marchador» considera justificarem-se os comentários que seguem.

1 - Lida atentamente a prosa, verifica-se que nenhuma passagem do comentário do presidente da Associação de Atletismo de Lisboa (AAL) desmente o que foi escrito no artigo a que se refere, nomeadamente sobre a discriminação da retirada dos prémios monetários para os atletas participantes nas provas de marcha do Grande Prémio de Natal (e só a esses) e sobre a estranheza da diminuição das distâncias dessas mesmas provas (agora, no caso dos seniores, com extensão pouco superior a metade da prova oficial mais curta de todo o calendário nacional).

2 - Também nesse comentário não se detecta qualquer resposta dada às perguntas formuladas no texto de «O Marchador», como aquelas que visavam saber das razões da substituição das provas de 5 km por outras de 3 km ou sobre os patrocínios que o presidente da AAL já disse terem sido procurados para o Grande Prémio de Natal (ou para as provas de corrida desse programa?).

3 - Acresce que o presidente da AAL parece ensaiar a desresponsabilização da associação lisboeta das obrigações enquanto organizadora do Grande Prémio de Natal de 2013 no tocante ao pagamento de prémios. Só que em nenhum documento de divulgação ou de regulamentação do referido grande prémio a AAL deixa de se identificar como entidade organizadora da prova. Ao consultar o «site» da instituição, pode ler-se: «Comemorando a 56ª Edição, a Associação de Atletismo de Lisboa organiza o Grande Prémio de Natal aberta a todos os interessados, atletas filiados e não filiados, que irá decorrer no dia 15 de dezembro de 2013, na cidade de Lisboa.»

Por sua vez, o comunicado da AAL n.º 4-2013/14 de 8 de Novembro 2013 referia: «Todos os participantes, pelo acto de inscrição, aceitam o presente regulamento e, em caso de alguma dúvida ou caso omisso, concordam em acatar a decisão da entidade organizadora da prova, a Associação de Atletismo de Lisboa.»

Portanto, não pode o presidente da AAL alhear a instituição que dirige da condição de entidade organizadora do Grande Prémio de Natal de 2013, com todas as consequências que dela decorrem.

4 - O presidente da AAL classifica os autores do texto como «cobardes ressabiados que não assinam o que escrevem». O artigo publicado não é de autoria anónima. Como poderá verificar-se no «Manifesto» publicado na barra de navegação superior (junto ao cabeçalho do blogue), também ao cimo da coluna lateral direita e ainda como texto de abertura do blogue (em 4/10/2010), este é gerido pela equipa constituída por Carlos Gomes, José Dias e Luís Dias. Qualquer texto publicado sem assinatura explícita em «O Marchador» é, naturalmente, da responsabilidade solidária dos três membros desta equipa.

No entanto, contraditoriamente, o presidente da AAL, afinal, parece pretender conhecer os autores, dado que lhes atribui o duplo epíteto de «cobardes ressabiados». «Cobardes» poderia ter por justificação (mas nunca cedendo) o anonimato sob o qual pretensamente se esconderiam os autores do texto (já se viu que essa formulação não tem fundamento). Quanto à ideia de ressabiamento, essa só se compreenderia com base em algum outro facto do conhecimento do presidente da AAL mas por ele não revelado no comentário expandido e que poderia (aí, sim) levá-lo a tal acusação. Mas se não conhecia os autores do texto, como pôde então classificá-los a partir de sentimentos para cuja identificação precisaria de saber de quem eventualmente se tratasse?

5 - Ao contrário do que pretende o presidente da AAL, o «articulista» (como lhe chama) não está sujeito a qualquer dever profissional porque não existe envolvimento profissional de nenhuma espécie no projecto do blogue «O Marchador». Ainda assim, os autores assumem inteira responsabilidade pelo material que publicam no blogue, em consonância com as condições enunciadas no referido «Manifesto».

6 - Terminando a mensagem, o presidente da AAL suscita a questão da deontologia, que em seu entender mandaria a equipa do blogue publicar o comentário que entendeu produzir. Mas cabe perguntar qual a deontologia que manda o presidente da AAL verter insultos a quem comentou em termos críticos (e educados) uma decisão da instituição que (ele) lidera. O presidente da AAL pode ser intolerante à crítica (tanto pior para ele), mas isso não lhe confere o direito ao insulto. E se outro motivo não existisse, impunha-se um acima de todos: o respeito pela própria Associação de Atletismo de Lisboa e pelos clubes nela filiados, de que é o primeiro representante.

7 - Cumpre lembrar que nenhum insulto foi dirigido fosse a quem fosse no texto publicado no blogue «O Marchador». Nem é esse o timbre dos integrantes da equipa que desde 2010 mantém este espaço de divulgação de informação e de opinião sobre marcha atlética.

8 - Por fim, não se percebendo a relação com o conteúdo do texto publicado no blogue em 23 de Novembro, seria porventura curial saber a que se refere o presidente da AAL quando fala em «programa incentivo para a marcha» promovido no passado, com determinado «envolvimento financeiro» e resultando numa determinada taxa de «progresso obtido».

9 - A equipa do blogue «O Marchador» considera que o dirigismo associativo desportivo deve ser servido em modos de inatacável urbanidade.

10 - A equipa do blogue considera também que os termos despropositados do presidente da AAL não reflectem o sentimento nem o modo de expressão dos demais membros dos órgãos da AAL nem dos dirigentes dos clubes nela filiados.