terça-feira, 9 de abril de 2013

A selecção de 50 km para a Taça da Europa e a falta de comunicação


No rescaldo da vitória alcançada este sábado no Grande Prémio Internacional de Rio Maior em Marcha Atlética, João Vieira proferiu declarações que deixam transparecer desagrado pela forma como tem sido conduzido o processo de composição da selecção que há-de representar Portugal na Taça da Europa de Marcha, a 19 de Maio, em Dudince, na Eslováquia. Segundo divulgou o «site» Atleta-Digital, o recordista nacional de 20 e 50 km vai «tentar entrar para a equipa dos 20 km» da Taça da Europa, já que não foi seleccionado para os 50 km.

Na edição de domingo, o jornal «A Bola» citava o atleta do Sporting como não sabendo se nos mundiais de Moscovo, em Agosto, irá competir na distância curta, na longa ou nas duas. «Depende do que a federação quiser», afirmou, no que pode ser entendido como falta de informação (de comunicação também?) da estrutura federativa com o atleta. Comunicação que terá faltado também na preparação da Taça da Europa, onde, como se viu, de nada serviu a João Vieira estar disponível para os 50 km, assunto relativamente ao qual, deduz-se, nunca a FPA lhe terá perguntado o que quer que fosse, como atleta ou como treinador.

Situação semelhante parece verificar-se com Pedro Isidro, não integrado na selecção de 50 km para a Taça da Europa divulgada a 18 de Março mas cujo nome, afinal, deverá ser acrescentado à lista. A informação foi divulgada segunda-feira, 8 de Abril, pelo Atleta-Digital, que afirma tratar-se de uma «situação decidida favoravelmente no seio federativo». E justifica a necessidade de alteração da decisão da FPA com «dificuldades de comunicação» entre o treinador do atleta e o treinador nacional de marcha.

Porventura, o referido problema de comunicação será mais complexo, tendo consequências sobre outros atletas e treinadores. Recorde-se que a 16 de Março, após os nacionais de marcha em estrada realizados no Montijo, João Vieira se queixava de pouco ou nada ter sido ouvido pela estrutura da federação, e apenas na qualidade de treinador de Vera Santos. Na ocasião, referindo-se aos critérios de selecção, afirmou: «Se soubesse antes que seria assim, nem eu nem a Vera teríamos vindo ao Nacional.»

Destas referências inicialmente publicadas em órgãos de informação fica por perceber a quem responsabilizar por tanta falta de comunicação. E também por que razão tantos atletas são por ela prejudicados na preparação para as grandes (e pequenas) competições. Uma coisa é certa: com ou sem contacto a partir dos treinadores dos atletas, nunca a comunicação pode deixar de existir por falta de contacto da parte dos treinadores nacionais, a quem, em última análise, cabe o dever de garantir ao menos os «serviços mínimos» (ou o mínimo de serviços) nessa matéria.