quinta-feira, 10 de março de 2011

Regresso de Francisco Fernández gera polémica

Foto: AEMA
O regresso de Francisco Fernández à competição após um ano de suspensão por posse de substâncias dopantes está a causar algum mal-estar entre marchadores e outros membros da comunidade desportiva espanhola. A manifestação mais evidente do descontentamento dos pares ocorreu nos próprios Campeonatos de Espanha de marcha em estrada, este fim-de-semana, em Benicàssim. No final da prova de 20 km masculinos, que o atleta da província de Granada venceu marcando o seu retorno à actividade competitiva, o pódio acabou por não estar completo, dado que o terceiro classificado, Miguel Ángel López, decidiu não comparecer à cerimónia de entrega de medalhas, em protesto contra a leveza da pena aplicada a Fernández.

«Não me estava a ver no pódio com ele. Não acredito em Paquillo, por isso não compareci», declarou López após a prova ao diário espanhol «Público», acrescentando: «A decisão foi tomada no momento. Quando cortei a meta senti que era preciso fazer alguma coisa e decidi não ir ao pódio». Esclarecendo nada ter de pessoal contra Francisco Fernández e que agiu apenas por coerência, Miguel Ángel López especificou a razão da sua atitude: «Não estou de acordo com a redução da sanção. Um ano não é nada, é como ter tido uma lesão.»

O tema da leveza da suspensão de que Fernández foi alvo já antes tinha sido levantado quando, em Janeiro, a Comissão de Atletas propôs à federação espanhola de atletismo o endurecimento das penas para os casos de dopagem e que nenhum atleta punido por esse tipo de infracções seja readmitido à selecção nacional sem confissão pública. Na ocasião, o porta-voz da comissão, o saltador em altura Javier Bermejo, referiu-se em específico ao caso de Paquillo afirmando que «vai ficar com um ano de suspensão e, como é um marchador, sem competições no Inverno, isso equivale a seis meses, mais ou menos como um atleta que sofra uma lesão, e não deve ser assim».

Francisco Fernández é que parece querer passar ao lado da polémica, afirmando nem se ter apercebido do protesto de Miguel López. «Chamaram-no várias vezes pelos altifalantes mas não apareceu. Não me apercebi de que se tratava de um protesto até me falarem da notícia no jornal, a sério», explicou à Rádio Marca no dia seguinte às provas.

Verdade ou mentira, o certo é que nem todos parece terem apreciado o regresso às provas de um atleta reconhecidamente envolvido em práticas ilícitas. E menos ainda serão os que ficaram satisfeitos com a redução da sanção de Paquillo de dois para um ano de suspensão.